17.6.15

VINCENT VON FLIEGER

É real, tenho um fascínio por músicos, por artistas plásticos e por escritores. Aliás, esmiuçando a coisa (que até para bons entendedores, temos de acrescentar palavras), tenho um fascínio por pessoas que se dedicam ao que fazem e são genuínos na forma de fazer. A tradução disso está no resultado final. Esse resultado, que nem sempre é palpável, visível ou audível, como o é uma obra de arte, um livro ou uma música, transforma todos aqueles a quem toca sempre que na troca se reconhece a textura de que é feito o sonho. Há uma certa energia empregue na sua concretização e ela passa, e transfere-se e inunda a quem, do lado de lá, se permite sentir.

Parafraseando e “baralhando” Álvaro de Campos:
“Tenho em mim todos os sonhos do mundo.
(…) e o dono da Tabacaria sorriu.”

Gosto de sonhos, e os sonhos são das pessoas que têm na alma os olhos abertos à imaginação do que gostariam que fosse. Gosto dessas pessoas, que se agarram com unhas e dentes ao fazer acontecer o seu sonho, seja ele qual for, dentro dos limites do razoável, ou não, que os sonhos estão contidos dentro das limitações de quem os constrói, e já ouvi dizer que “o impossível é nada”. Seja como for, vale a perseguição.

Ontem, fui assistir ao sonho (que até pode não ser mas que sinto como tal e “egoisticamente” é o que vale) de Vincent von Flieger. Fui quase que por acaso e ainda bem que fui. Vincent von Flieger toca sem banda e faz-se acompanhar na voz apenas com a sua guitarra acústica e o deleite entre as suas cordas vocais e as cordas da guitarra incita ao “voyarismo”. É que podemos só ouvir mas perdermo-nos no que soa é pouco quando podemos assistir ao dedilhar da guitarra.

No sótão da SMUP, a proximidade eleva as sensações e tudo é visível. O espaço é pequeno e livre de distrações, ficamos ali sentados a poucos palmos de quem actua como se estivemos sentados na sala de casa de um amigo, que por acaso é músico. Vincent von Flieger é para mais um bom conversador e vai intercalando a música com o diálogo. O público português tem tendência a participar sempre que há abertura e a meio do concerto já se cantava em coro.

Não fiquei até ao fim, infelizmente, mesmo que tenham sido 5 minutos perdidos, já é muito, quando o que se ouve é bom. Para não sair também antes do fim do texto, falta-me referir que o conteúdo do que se ouve é mais que melodia e ritmo, é palavra também.

Fica uma música e a letra.

Island (Lyrics)
"the wind is getting up
endlessly unlocked
whispers in the oak trees
whispers in the grass

steady stream of thoughts
i don't know how to stop
a loop inside a sea shell
an ever lasting call

time laps moving clouds
heading for unknown
tomorrow is uncertain
i wonder were we go"



2 comentários:

  1. Deve ter sido uma experiência e tanto. Um dia vou contigo a estas andanças... :)

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  2. :) Vem sim que vale a pena. A SMUP tem apresentado um bom programa. E há outros lugares com boas andanças! Vou-te mantendo informada... ;)

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